Formada pela UFMG, atua no jornalismo desde 2014 e tem experiência como editora e repórter. Trabalhou na Rádio UFMG e na Faculdade de Medicina da UFMG. Faz parte da editoria de Distribuição de Conteúdo / Redes Sociais do Estado de Minas desde 2022
Santo Antônio é uma das figuras mais queridas do catolicismo, especialmente em países como Portugal e Brasil. Celebrado no dia 13 de junho, ele é tradicionalmente invocado por quem busca um grande amor ou deseja firmar um relacionamento. Mas, afinal, por que ele ganhou a fama de“santo casamenteiro”?
Nascido como Fernando de Bulhões, em Lisboa, no final do século XII, Santo Antônio entrou para a Ordem dos Franciscanos e adotou o nome pelo qual ficou conhecido. Ele se destacou por sua oratória e profundo conhecimento teológico, tornando-se um dos grandes pregadores da Igreja. Após sua morte em 1231, foi canonizado em tempo recorde — apenas 11 meses depois.
Apesar de ser hoje mais lembrado por sua ligação com o amor, os registros históricos mostram que a maioria dos milagres atribuídos a Santo Antônio envolvia curas e intervenções em situações de vida ou morte, e não relacionamentos.
A associação com o casamento vem mais das tradições orais e populares do que de documentos oficiais. Uma das histórias mais repetidas é a de uma jovem pobre que, sem dinheiro para o dote — prática comum na época —, rezou para o santo pedindo ajuda. Conta-se que Santo Antônio desviou discretamente doações recebidas pela igreja para permitir que ela se casasse com quem amava.
Outra versão, mais lendária, narra que a própria imagem do santo teria entregue um bilhete à jovem com instruções para conseguir a quantia necessária. Em outro episódio, ele teria aconselhado mulheres a buscarem casamento por amor, e não por imposições familiares, o que o colocou à frente de seu tempo e reforçou sua fama de protetor dos apaixonados.
A devoção popular a Santo Antônio no Brasil é marcada pela trezena — 13 dias de orações que antecedem seu dia, de 1º a 13 de junho. Além disso, nesse período se multiplicam as simpatias amorosas: deixar o santo de cabeça para baixo, esconder sua imagem até conseguir um namorado ou até colocá-lo dentro de um copo d’água são algumas das práticas populares.
A instituição americana LongeviQuest reconheceu e entregou um diploma a um casal brasileiro como o mais longevo do mundo, com impressionantes 84 anos de união. Manoel Angelim Dino, de 105 anos, e Maria de Sousa Dino, de 102, vivem em Boa Viagem, no Ceará, e também estão no Livro Guinness dos Recordes. Divulgação LongeviQuest
Eles dizem que o segredo de um casamento duradouro é "cultivar o amor e evitar vícios". No dia 20 de novembro de 2025 eles vão completar Bodas de Carvalho - uma referência à árvore que simboliza solidez e resistência. Divulgação LongeviQuest
Dona Maria acrescenta mais um ingrediente absolutamente necessário quando se trata de manter o matrimônio: "O amor precisa ser cuidado diariamente", diz. Divulgação LongeviQuest
A história do casal começou em 1938 quando ele tinha 20 anos e conheceu Maria, de 17, na cidade cearense de Almeida, onde ela foi buscar rapaduras. Divulgação LongeviQuest
Eles se casaram um ano depois e trabalharam no sertão, cultivando tabaco para sustentar 13 filhos. Nove ainda estão vivos. Divulgação LongeviQuest
A família é bem grande: além dos filhos, eles têm 55 netos, 60 bisnetos e 14 tataranetos. Na foto, um dos netos, que aparece no vídeo de divulgação da LongeviQuest. Divulgação LongeviQuest
Para Manoel Dino, todas as dificuldades foram enfrentadas com uma união permanente que é motivo de orgulho: "A vida era dura, mas valeu a pena. Uma vida de parceria está ligada à ausência de vícios", enfatizou. Divulgação LongeviQuest
Hoje em dia, não é segredo que os casamentos - com raras exceções - duram bem menos do que em tempos ados. No Brasil, Lei do Divórcio existe desde 1977 e, de lá pra cá, as mudanças sociais ampliaram a possibilidade de separação. Um dos fatores determinantes é a evolução da mulher no mercado de trabalho, que lhe dá independência. Imagem de Alexa por Pixabay
Um casamento duradouro é coisa rara. No Brasil, a duração média dos casamentos é de 13,8 anos. E a longevidade das relações varia de estado para estado. Os gaúchos são os mais persistentes, enquanto os acreanos estão na lanterna dos casamentos mais sólidos. Imagem de Myriams-Fotos por Pixabay
Veja quanto tempo duram, em média, os casamentos em cada estado do país, de acordo com o censo mais recente, do ano de 2022. O estado do Ceará, do seu Manoel e da dona Maria, está em nono lugar. Veja a lista. Imagem de Tú Anh por Pixabay
Rio Grande do Sul: 16,7 anos. População do estado: 11,2 milhões de habitantes Bruna Cabrera/Especial Palácio - Wikimédia Commons
Piauí: 16,6 anos. População do estado: 3,3 milhões de habitantes Chico Rasta - Wikimédia Commons
Rio Grande do Norte: 15,7 anos. População do estado: 3,4 milhões de habitantes ALLAN TRIGUEIRO - Flickr
Maranhão: 15,4 anos. População do estado: 6,8 milhões de habitantes hammad ghori - Flickr
Santa Catarina: 15,3 anos. População do estado: 7,1 milhões de habitantes Imagem Free de Andrea de Lima Dea por Pixabay
Bahia: 15,2 anos. População do estado: 15,1 milhões de habitantes Rogerio Malaquias – Flickr
Alagoas: 14,9 anos. População do estado: 3,3 milhões de habitantes Legacy600 wikimedia commons
Pará: 14,8 anos. População do estado: 8 milhões de habitantes Snz58148687 - Wikimédia Commons
Ceará: 14,7 anos. População do estado: 8,8 milhões de habitantes Governo Federal Brasileiro - Wikimédia Commons
Paraná: 14,6 anos. População do estado: 11 milhões de habitantes Imagem Free de omegaprice por Pixabay
Sergipe: 14,4 anos. População do estado: 2,2 milhões de habitantes divulgação ferias.tur
Pernambuco: 14,2 anos. População do estado: 9,2 milhões de habitantes Acervo ICMBio
Roraima: 14,1 anos. População do estado: 497 mil habitantes Carlos Marques - Flickr
Paraíba: 14 anos. População do estado: 3,9 milhões de habitantes Ray Fernandes - Wikimédia Commons
Minas Gerais: 14 anos. População do estado: 20,8 milhões de habitantes Luiz De Aquino - Wikimédia Commons
Amapá: 14 anos. População do estado: 751 mil habitantes MTur Destinos wikimedia commons
Rio de Janeiro: O RJ empata com o Brasil - média de 13,8 anos. População do estado: 16,4 milhões de habitantes Imagem Free de ASSY por Pixabay
Agora, os estados que têm média abaixo da nacional. Ou seja, os casamentos duram menos de 13,8 anos. Imagem de Steve Watts por Pixabay
O dia de Santo Antônio também marca a abertura das festas juninas. A tradição veio da Europa no século XIV, foi trazida pelos portugueses e incorporada à cultura brasileira com elementos indígenas e africanos. A fogueira — símbolo central da festa — representa o nascimento de São João, primo de Jesus, celebrado logo depois, em 24 de junho. A festa de São Pedro, em 29 de junho, fecha o calendário dos santos juninos.
Comidas típicas como milho assado, canjica, quentão e bolo de fubá, além das quadrilhas e do forró, fazem parte do cenário festivo — muitas vezes iniciado com uma celebração em homenagem a Santo Antônio.
Mais do que casamenteiro, Santo Antônio é considerado o “santo dos pobres” e um grande intercessor em causas urgentes. Seu legado de caridade, compaixão e sabedoria teológica segue inspirando milhões de fiéis no mundo inteiro.
Mas é no imaginário popular — onde a fé se mistura com o desejo de encontrar o par ideal — que ele continua ocupando um lugar especial, especialmente em junho, quando o amor e a esperança dançam juntos ao som do forró e à luz das fogueiras.