DOENÇAS RESPIRATÓRIAS

Gripe lidera internações, mas COVID-19 ainda é mais letal

Quase 20% das pessoas hospitalizadas em MG este ano após contrair o coronavírus morreram. Taxa da influenza é de 9,2%. Quadro reforça importância da vacina

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O retorno da influenza ao protagonismo dos surtos de doenças respiratórias depois da pandemia de COVID-19 colocou a enfermidade provocada pelo Sars-Cov-2 – o novo coronavírus – em segundo plano, mas o vírus segue em circulação e provocando mortes. Mais do que isso. A letalidade entre pacientes internados em decorrência da doença que assolou o mundo entre 2020 e 2023 ainda é muito alta e supera as taxas da gripe em Minas Gerais, embora o total das hospitalizações por influenza tenha batido, pela primeira vez na década, as internações por COVID-19. Um quadro que reforça a necessidade de os grupos de risco se vacinarem tanto contra a influenza, quanto contra a COVID-19, como preconizam especialistas e autoridades de saúde.


No momento, praticamente um a cada cinco pacientes internados após contrair o coronavírus e um a cada 10 hospitalizados devido à gripe acabam morrendo. Os imunizantes são oferecidos na rede pública, mas a cobertura vacinal segue abaixo das metas. Nacionalmente, novo Boletim InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) chama atenção para o fato de que este ano, até o momento, o número de casos de Síndrome Respiratória Aguda (SRAG) no país tem sido consideravelmente maior do que o observado nos dois últimos anos. Entre as semanas epidemiológicas 19 e 22, o número de casos de SRAG quase dobrou em relação ao mesmo período do ano ado, registrando um aumento de 91%, aponta o documento, divulgado na quinta-feira (12/6), com tendência de alta em grande parte do país, incluindo Minas e Belo Horizonte.


Em Minas Gerais, segundo dados do Epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) publicados no dia 12 de junho, neste ano, a taxa de letalidade da COVID-19 chega a 19,1% dos pacientes internados no estado, que está em situação de emergência em saúde. O número é mais que o dobro do percentual referente aos óbitos decorrentes de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) provocada por influenza, de 9,24% no mesmo período. Das 665 pessoas hospilizadas até o dia 12 com quadros graves provocados pelo coronavírus, 127 morreram. Já a influenza soma 1.710 hospitalizações e 158 óbitos. Além da influenza e da COVID-19, a SRAG pode resultar de infecções por outros vírus, como o sincicial e o rinovírus, fungos ou bactérias. 

Em Belo Horizonte, também de acordo com os dados do da SES, a diferença entre as taxas de letalidade das duas doenças verificadas entre pessoas internadas é menor, mas o percentual também é mais alto para a COVID-19, chegando a 19,49%, contra os 12,89% da influenza. Considerando a mesma base de dados, a cidade registrava 287 internações de pacientes com SRAG por influenza, com 37 mortes, e 118 por COVID-19, com 23 óbitos.


As 1.710 hospitalizações por SRAG causadas por influenza listadas até em então representam um aumento de 169,2% em relação a igual período de 2024, segundo o da SES. Esta é a primeira vez desde o primeiro diagnóstico de coronavírus no estado, em março de 2020, que a ocorrência de influenza supera os casos de COVID-19.

SOBE E DESCE DAS VIROSES

O aumento da incidência da influenza em Minas Gerais vem sendo verificado desde 2023, quando 340 pessoas foram internadas nas primeiras 23 semanas epidemiológicas no estado. No ano seguinte, as hospitalizações aram para 635 no mesmo período, o que representa um aumento de 86,8%.


Já a COVID-19 trilha o caminho inverso: desde o pico em 2021, quando superou a marca dos 100 mil casos, vem decaindo ano a ano. O total de internações deste ano (655) em decorrência da doença em Minas representa um recuo de 66,5% na comparação com as 1.837 hospitalizações de igual período de 2024.


Belo Horizonte segue a mesma tendência do estado, com um aumento de 32,4% nas internações por influenza. Foram 179 entre 1º de janeiro e 12 de junho de 2024, contra 287 em igual período deste ano. As internações por COVID-19 diminuíram de 373 em 2024, para 118 este ano.


“Os dados mostram um aumento da circulação do vírus da influenza este ano aqui em Belo Horizonte, por isso a importância da vacinação. É uma situação de alerta, de preocupação, e esperamos que nas próximas semanas a transmissão dos vírus respiratórios comece a diminuir aqui na nossa capital”, disse Paulo Roberto Lopes Correa, diretor de Promoção à Saúde e Vigilância Epidemiológica da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH).


Para o imunologista Unaí Tupinambás, o fato de a influenza superar a COVID-19 em hospitalizações pela primeira vez desde 2020 em BH e em Minas indica uma mudança importante no cenário epidemiológico. Representa a retomada da relevância de outros vírus respiratórios, exigindo readequação da vigilância, dos protocolos clínicos e da comunicação com a população.


“Reforça-se a necessidade de ampliar a cobertura vacinal contra influenza e de manter a capacidade diagnóstica para distinguir entre diferentes vírus. A experiência com a COVID-19 deve ser aproveitada para estruturar uma resposta integrada, preventiva e eficiente às doenças respiratórias sazonais”, defende. “E devemos continuar combatendo o negacionismo científico (….), que não foi de todo superado”, ressalta.


Ainda segundo o imunologista, observa-se neste ano um número maior de casos mais graves nos extremos das idade: crianças menores de 5 anos e idosos. No primeiro grupo há uma grande prevalência de Vírus Respiratório Sincicial (VRS), e nos idosos, de Influenza A H1N1 e Sars-Cov-2. “Os casos graves ainda estão acontecendo de forma inaceitável, tendo em vista que temos vacinas eficazes”, reforça Tupinambás.


NÃO IMUNIZADOS PUXAM OS ÓBITOS


Dados da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) atestam a importância da vacinação para prevenir quadros graves das duas viroses. De acordo com o órgão, entre 2023 e 2025, a maioria das mortes por essas doenças ocorreu entre pessoas com o esquema vacinal incompleto ou desatualizado. “A vacinação em dia é fundamental para evitarmos o agravamento dos casos e novos óbitos, especialmente entre os públicos mais vulneráveis, como crianças e idosos. A maioria dos óbitos tem ocorrido entre não vacinados. Isso demonstra que a vacina salva vidas”, afirma o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti.


No caso da influenza, 83,9% dos óbitos foram de pessoas com vacinação anterior à temporada vigente ou esquema incompleto; 11,9% não estavam vacinadas. Para a COVID-19, 75,7% das mortes foram de pessoas com vacinação atrasada ou incompleta, e 8,3% entre não vacinadas. As mortes concentram-se principalmente em crianças de 0 a 9 anos e idosos com mais de 60, reforçando a importância da vacinação como medida de proteção individual e coletiva, informa a SES.


Segundo o Ministério da Saúde, Minas Gerais recebeu 989 mil doses da vacina contra COVID-19 e, até o dia 5 de junho, aplicou 316,1 mil. Do total de doses, 63 mil foram direcionadas para Belo Horizonte. As novas remessas estão atualizadas e combatem a sub-variante do coronavírus JM1.


O governo federal enviou também 7,8 milhões de doses de vacina contra a gripe para Minas Gerais, das quais 5 milhões foram aplicadas até o dia 11. Na capital, a PBH disponibilizou postos extras para a imunização contra a gripe como parte das estratégias para alcançar o maior número de pessoas possível. “O município reforçou a vacinação extramuros, levando o imunizante até onde as pessoas estão, como praças, shoppings, escolas municipais e parques. A vacina vem sendo ofertada inclusive aos finais de semana”, ressaltou a prefeitura, por meio de nota.


Belo Horizonte alcançou, até o momento, 53,2% de cobertura vacinal, abaixo da meta de 90% do público-alvo, com mais de 782 mil doses aplicadas. Desse total, cerca de 342 mil foram istradas nos grupos definidos pelo Ministério da Saúde: crianças de 6 meses a 5 anos, 11 meses e 29 dias (36,5%), idosos com 60 anos ou mais (58,6%) e gestantes (25,5%).


“Recentemente o Ministério liberou a vacina de influenza para todo mundo acima de 6 meses de idade. Mas o nosso foco é vacinar o grupo prioritário. São pessoas que podem ter formas graves da influenza, que levam à internação e, infelizmente, ao óbito”, explica Paulo Roberto.


A cobertura vacinal da COVID-19 também está abaixo da meta definida pelo Ministério da Saúde em Minas Gerais. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde, até o dia 10 de junho, a imunização alcançou 88,7% do público alvo para a segunda dose da vacina monovalente e caiu drasticamente para a quarta dose, chegando a apenas 21,7%. A procura pela bivalente também foi baixa, registrando apenas 23,4% de cobertura.

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ONDE TOMAR A DOSE


Desde segunda-feira (9/6), os imunizantes contra a COVID-19, que vinham sendo aplicados somente em alguns pontos específicos, estão disponíveis nos 153 centros de saúde da cidade, além do Serviço de Atenção à Saúde do Viajante para idosos e pessoas acima de 12 anos de idade com comorbidades. Para crianças de 6 meses a 11 anos, as vacinas continuarão disponíveis em unidades de saúde específicas. Os endereços e horários das unidades de saúde no portal da Prefeitura de BH. A vacina da gripe é oferecida nos mesmos centros de saúde e em pontos extras.


Para se vacinar, é necessário apresentar um documento de identificação com foto, cartão de vacina e F. A pessoa ainda não pode ter tido Covid-19 ou início de sintomas nos últimos 30 dias. Os imunocomprometidos devem apresentar os medicamentos em uso, resultados de exames e receitas médicas. Já as puérperas, devem levar a certidão de nascimento do bebê. Uso de máscaras e distância das aglomerações também ajudam a salvar vidas

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