Mutirão retira planta invasora do Museu de História Natural da UFMG
Iniciativa reuniu estudantes, bolsistas do Museu e moradores da região, que buscam preservar a vegetação local
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Siga noCerca de 40 pessoas se reuniram na manhã deste sábado (31/5) no Museu de História Natural e Jardim Botânico da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no bairro Santa Inês, Região Leste de Belo Horizonte, para retirar uma planta invasora da mata nativa. A erradicação da espécie exótica Dioscorea sansibarensis, conhecida como "caratinga", é importante, porque a invasão compromete a vegetação local. A expectativa é que os mutirões, que nasceram de uma iniciativa popular, ocorram mensalmente.
Segundo Ana Deister, moradora da região e idealizadora da iniciativa, os mutirões começaram em 2023, mas houve uma parada a partir de 2024. Agora, ela espera que a população engaje de novo e que não haja mais paradas. Ela explica que esta é a primeira vez que tantas pessoas participam da ação.
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"O trabalho ficou parado por questões do museu, porque precisa de bolsistas para nos acompanhar. Hoje é que estamos voltando depois de cinco meses. A gente vai fazer esse mutirão uma vez por mês, no último sábado do mês, e esperamos que tenha sempre esse grande número de pessoas", diz a professora.
A mobilização popular é importante para a vegetação do parque, porque o crescimento da caratinga no local impede que outras espécies recebam a luz solar necessária. A propagação, segundo bolsistas do curso de Ciências Biológicas da UFMG, acontece pelos bulbos aéreos, parecidos com batatas, que caem no chão e enraizam no solo. Ao retirar a planta, um grande tubérculo fica visível, mas os especialistas orientam que não se deve consumi-los porque são tóxicos.
O único registro oficial da caratinga no Brasil é justamente na reserva da UFMG. Acredita-se que a introdução tenha ocorrido por interesse estético na década de 1970, quando era comum trazer espécies de outros países para compor acervos de jardins botânicos. Hoje, a planta ocupa entre 20 e 30 hectares da mata e ameaça a regeneração natural da área.
Mobilização
De acordo com a estudante de Ciências Biológicas e bolsista do Museu Sofia Martins, a intensificação dos esforços na retirada da planta ocorre, pela primeira vez, neste sábado. Os participantes da ação acumularam as plantas em pontos estratégicos do parque, que serão retirados e contabilizados na semana que vem.
"Vai ter uma equipe na semana que vem pra fazer a retirada das plantas aqui, mas o projeto fará estudos em relação à quantificação, pra ver como esses mutirões foram eficientes. Vamos pesar as batatas também. A partir de agora, conforme conseguirmos os mutirões, vamos verificando [os dados] ao longo dos meses", conta a estudante.
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Durante os mutirões, o método principal adotado é a catação manual dos tubérculos e ramos, mais eficiente do que a simples roçada mecânica. Conforme a bióloga que pesquisa a caratinga, a doutoranda Vera Lúcia, os mutirões são importantes para remover a maior parte possível da invasora e preservar a mata local. O trabalho precisa ser feito manualmente, de forma natural, pois não há predadores naturais no Brasil para combater a caratinga.
"A Ana veio com a ideia de fazer os mutirões e trazer a população para ajudar também, então fica a parte científica e a parte da comunidade. Isso é muito importante também. O combate é exclusivamente manual, com os mutirões e a roçada que o museu faz, que é ir retirando com as mãos. A gente poderia jogar um inseticida, mas a gente não quer que contamine o solo ou os animais", explica.
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Depois de cada ação, a área é monitorada e revisitada, entre duas e quatro semanas depois, para recolher rebrotas. Essa segunda fase, chamada de “recatação”, só é possível fora do período de dormência da planta, comum no inverno.
Para participar, basta preencher o formulário de inscrição disponível no site da instituição e comparecer ao museu com calça comprida, camisa de manga longa, calçado fechado e boné. Luvas são fornecidas pela organização, mas quem tiver em casa pode levar. O trabalho é voluntário e dura duas horas.