CINEMA

'Prédio vazio' explora o universo macabro da Praia do Morro, em Guarapari

Novo filme do cineasta capixaba Rodrigo Aragão estreia nesta quinta-feira (12/6), no Centro Cultural Unimed-BH Minas

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Durante boa parte dos 20 dias de gravação de “Prédio vazio”, novo longa do cineasta Rodrigo Aragão que estreia nesta quinta-feira (12/6) no cinema do Centro Cultural Unimed-BH Minas, a atriz Gilda Nomacce enfrentou exaustivas sessões de maquiagem. Em muitas ocasiões, foram horas de espera.

“Nunca tinha usado tanto sangue e tanta ferida em toda a minha carreira. Já fui esfaqueada, já morri com uma tesourada, ei por vários perrengues, mas nunca com tanta intensidade”, relembra.

O motivo da demora? O próprio Aragão assumia a função de maquiador. Só depois de transformar o elenco e os figurantes em criaturas ensanguentadas, ele podia dirigir. “E não era um potinho de tinta para representar sangue, não. Foram litros e mais litros. Tinha sangue saindo da orelha, do peito... Vários detalhes”, acrescenta Gilda.

Gilda interpreta Dora, a zeladora de um edifício decadente em Guarapari (ES). Após a morte do último casal de moradores fixos, o local a a receber apenas turistas temporários durante o carnaval. Com aspecto grotesco e um terrível odor vindo do fosso do elevador, o Edifício Magdalena parece estar abandonado há décadas.

Depois da folia, apenas uma turista permanece ali: Marina (Rejane Arruda), que aparentemente ficou para receber apoio de Dora após sofrer violência do namorado.

Quando Marina demora a dar notícias, sua filha adolescente, Luna (Lorena Corrêa), viaja de Belo Horizonte até Guarapari à procura da mãe. Ao chegar no edifício, descobre que o lugar esconde mistérios sombrios – e que Dora está no centro de um universo macabro.

Zé do Caixão

Como é de se esperar em um filme de Rodrigo Aragão – considerado por José Mojica Marins, o Zé do Caixão, seu herdeiro direto –, não faltam gosma, sangue e criaturas horripilantes. Mas “Prédio vazio” traz duas novidades em relação à filmografia anterior do diretor: a ambientação urbana e o protagonismo feminino.

O capixaba Rodrigo Aragão é um nome consolidado no cinema de horror independente brasileiro. Seus filmes, realizados à margem de editais públicos e sem apoio de grandes distribuidoras, conquistaram espaço em festivais internacionais e circularam por EUA, México, Grécia, Holanda, Alemanha, Lituânia e Chile, entre outros países.

Em 2011, o governo da China proibiu a exibição de “Mangue negro”, mas, ironicamente, o título atingiu um milhão de s no país por meio da pirataria.

Diferente das produções anteriores, geralmente ambientadas em zonas rurais ou isoladas – como a vila de pescadores de “Mangue negro”, o interior capixaba de “A noite do chupacabras” e “Mar negro”, a floresta de “Mata negra” ou a necrópole de “O cemitério das almas perdidas” –, “Prédio vazio” se a em sua maior parte na Praia do Morro, um bairro urbano de Guarapari.

“É um filme urbano, inspirado em Guarapari”, afirma o cineasta. “Muita gente conhece o lado festivo da cidade, cheio de turistas e carnaval. Mas eu quis mostrar o outro lado, esse ciclo estranho que começa quando o carnaval acaba. De certa forma, o filme é uma declaração de amor à cidade onde nasci, mesmo com todos os seus problemas”.

O diretor aproveita a trama para abordar questões reais da cidade: a constante falta de água, a insegurança e os gargalos de mobilidade urbana. Já teve prefeito que desligou os semáforos, dizendo que era para o trânsito fluir melhor – e, claro, isso entrou no filme.

Plástico e algodão

"Prédio vazio" também marca uma nova abordagem estética. Em algumas cenas, o mar é feito de plástico e o céu, de algodão – homenagem ao cinema italiano de terror dos anos 1970. A influência direta, diz Aragão, é “Suspiria” (1977), clássico de Dario Argento, no qual uma jovem descobre uma escola de dança habitada por bruxas.

Outro diferencial do filme é o protagonismo feminino. Ao contrário de outros títulos do diretor, nos quais mulheres geralmente ocupavam papéis secundários ou vulneráveis, aqui elas estão no centro da ação.

“Queria um filme com mulheres fortes, seja como heroína ou vilã. Inicialmente, a Gilda teria esse papel, mas depois dos ensaios percebi que a mocinha também precisava ser mulher”, diz ele. “Até brincamos que o Caio Macedo é quem faz o papel tradicionalmente atribuído à mulher: o personagem sensível, que grita e sente medo”, acrescenta, referindo-se ao personagem que é namorado de Luna e a acompanha até Guarapari.

“Prédio vazio” ganhou sessão de estreia na Mostra de Cinema de Tiradentes, em janeiro deste ano, e foi bem recebido pela crítica. Agora, chega ao circuito comercial com grande expectativa.

“Vai estrear nacionalmente em cinemas de shopping e em lugares que antes separavam o terror dos outros gêneros. Estar ao lado de grandes filmes é uma conquista. Digo que este filme talvez não quebre o muro, mas certamente é um tijolo importante”, conclui Rodrigo Aragão.

“PRÉDIO VAZIO”

Brasil, 2025, 80 min. De Rodrigo Aragão. Com Gilda Nomacce, Rejane Arruda, Lorena Corrêa, Caio Macedo e Telma Lopes. Classificação: 16 anos. Em cartaz no cinema do Centro Cultural Unimed-BH Minas, às 20h30, somente nesta quinta (12/6), sábado (14/16), segunda-feira (16/6) e quarta-feira (18/6).

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