
Viva o povo brasileiro
Vereadores, deputados ou senadores devem respeito ao povo de quem são representantes temporários
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O título de hoje é para lembrar que quem elege os políticos é o povo brasileiro. E que os políticos dependem dos nossos votos para estar onde estão e não devem se esquecer desse compromisso com o povo. E isso não os faz melhores ou superiores a ninguém. Portanto, sejam vereadores, deputados ou senadores devem respeito ao povo de quem são representantes temporários.
Mas a impressão que tivemos, desde os últimos acontecimentos, no dia 27 último, é que as coisas podem se desvirtuar e ar longe do que deveriam, principalmente quando vêm da parte de autoridades que lá estão pelo voto popular.
Eles receberam muito mal, em sua casa, que é o Senado. A ministra do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, Marina Silva, ali representando a República e a opinião de muitos brasileiros, caiu numa cilada.
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Marina Silva viveu ali, onde deveria ser escutada, um episódio lamentável, de desrespeito. Foi uma estratégia perversa. Precisamente. Vamos escutar além do dito. O senador Plínio Valério (PSDB-AM), que em outra ocasião manifestara a vontade de enforcá-la, fez uma provocação: “Como mulher sim, mas como ministra, não merecia respeito”. Falta de decoro parlamentar no Senado. ível de punição legal.
E, além desse óbvio, manejou com estratégia perversa, maquiavélica, de desestabilização da ministra. Marina é uma ambientalista reconhecida mundialmente e foi desrespeitada pelo senador, ele atingiu seu objetivo de não a deixar falar, mas o escândalo correu o mundo para nossa vergonha.
Impediu que ela falasse, abortou a importante missão de alertar para o perigo da retirada de imprescindíveis leis de proteção ambiental. O senador Marcos Rogério (PL-RO) deu uma chamada: “Ponha-se no seu lugar!” A ministra exigiu respeito, no que tem razão, mas não pode falar, tendo o microfone cortado.
A expressão usada pelo senador Marcos Rogério, capciosa por sua conotação pejorativa e imperialista, foi outro golpe. Justo ali não havia intenção democrática de argumentar sobre o melhor para o Brasil, expor interesses financistas, em detrimento da questão ambiental. De fato, não havia interesse de que fosse escutada. Perde o Brasil, perdemos todos.
Entretanto, isso mostrou que a presença da ministra, ambientalista reconhecida no mundo, feria interesses. O escárnio, a humilhação, a tentativa de rebaixamento impediram um momento político proveitoso e democrático. Os imperialistas no Senado usam a palavra para afrontar todo o povo brasileiro, e disso já deu provas históricas. Muitos senadores protestaram imediatamente contra a postura indecorosa do colega. Mas, a ministra, lamentavelmente, caiu numa cilada.
Nós, na psicanálise, repudiamos atitudes assim, perversas, soberbas, desrespeitosas, com intuito de desconsertar e desconcentrar a ministra. Entendemos esse episódio infeliz como a legítima expressão da pulsão de morte, uma atitude destrutiva e desnecessária, antidemocrática. Apenas beneficiou àqueles que têm interesses escusos e não se importam com o Planeta Terra. Portanto, impediu um tratamento político, ético, de uma questão relevante.
Os senadores da Região Norte conhecem bem a realidade da Bacia Amazônica: sofreu uma seca terrível recentemente, desmatamentos ilegais constantes, garimpos em áreas de preservação. A derrubada das leis de proteção ambiental pela exploração de petróleo em sua foz é prova de que ela precisa mesmo de proteção. Mais uma vez, o gozo da ganância e do amor ao dinheiro acima da vida.
Consequências trágicas no futuro. Deveriam ser esses senadores os primeiros a se levantarem contra a retirada da proteção ambiental em sua região. Ou de um estudo rigoroso e democrático sobre toda a questão.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.