Bebê reborn, dissociação e polêmica da maternidade ilusória
Fato parece absurdo, mas possui explicação: imaginação está por trás. Cérebro é capaz de criar cenários para qualquer um confundir a realidade com fantasia
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A febre dos bebês reborn ganha espaço em redes sociais e nos canais de notícias e programas de televisão, por um motivo, considerado esdrúxulo por muitos: o comportamento das pessoas como se os bonecos fossem reais.
Para quem ainda não sabe, os bebês reborn são um brinquedo em formato de bebê, como aqueles usados nas brincadeiras infantis cotidianas, só que com uma aparência muito realista. Centenas de crianças têm esses bonecos, porém a controvérsia está no fato de que a maioria dos adeptos é adulta, por se encantar com a perfeição dos detalhes. Entretanto, o que antes era considerado um item de colecionador, teve o processo deturpado.
A cada dia, é mais comum encontrar uma série de vídeos na internet com pessoas compartilhando a rotina como pais de bebês reborn, sendo que alguns desses, são bastante polêmicos. Os vídeos apresentam adultos levando esses “bebês” para filas, consultas médicas e, até mesmo, sendo objeto de disputa de casal em processo de divórcio na justiça para quem fica com a “guarda”.
A questão é tão séria que políticos já expressaram o desejo de proibir o atendimento dos bebês nas redes de saúde pública; a Justiça do Trabalho já se manifestou alertando que não existe licença para esse tipo de “maternidade” e projetos locais preveem multas para quem usar os bonecos para furar filas. Algumas pessoas são mais extremistas e defendem a internação compulsória.
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O comportamento parece bastante absurdo, mas possui explicação: a imaginação está por trás de tudo. O cérebro tem a capacidade de criar diversos cenários, que, às vezes, faz com que qualquer um comece a confundir a realidade com a fantasia, algo perigoso em caso de descontrole e excessividade.
É preciso considerar a explicação da ciência, ou seja, o cérebro constroi a experiência de realidade individual, sendo uma alucinação controlada, baseada em experiências. O que diferencia é o nível de ativação neural que permite o órgão identificar algo como real ou imaginado, o que, por vezes, falha, a ponto de originar problemas, como os transtornos dissociativos.
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A dissociação é considerada grave, caracterizada pelo afastamento súbito da realidade, deixando a pessoa dispersa. O nível anterior a esse, apesar de não possuir denominação oficial, já pode ser considerado preocupante, já que o devaneio excessivo leva a tantas fantasias, afetando o cotidiano e o relacionamento em sociedade.
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A verdade é que em tempos de era digital, tudo isso se torna ainda mais intenso e, por isso, é preciso prezar pelo equilíbrio, responsável por originar uma vida mais saudável. O auxílio de profissionais da psicologia contribui positivamente para o controle da dissociação excessiva, caso seja a ocorrência. Vale lembrar que todos os seres humanos sonham com outras realidades, diferentes das que vivem, algo completamente normal, desde que feito de maneira saudável e não persista no cotidiano.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.